Sorrisos
Enquanto eu a olhava
Tão linda e cheia de sorrisos
Mais nada no mundo restava
A não ser aquele momento:
Nós, como uma fotografia.
Contrariemos os Desencontros
– Se dois e dois são quatro..., ele sussurrava, olhando para mim como se eu fosse realmente compreender sua implacável lógica matemática.
Eram 11:30h da noite e, mesmo inebriados de sono, persistíamos na tentativa de manter os olhos abertos sem qualquer propósito que realmente fizesse sentido. Nesses alucinantes momentos, contávamos as estrelas como quem conta carneirinhos, desprovidos de qualquer intuito que invoque mais ainda o sono. Contávamos, também, histórias de um tempo que, nem o tempo, nem a memória apagam – as mais preciosas relíquias que a nossa vida poderia, algum dia, coletar: memórias.
A introspectiva foi tão longa que, apenas quando ouvimos o galo cantar que nos apercebemos do estrago que havíamos feito, e fomos dormir, silenciosamente, como se o tivéssemos feito durante a noite toda.
De súbito, porém, passado poucas horas, acordei no meio da manhã, num salto incalculável e irrepetível. Era um sonho. Era um pesadelo, aliás. Daqueles que estremecem as vísceras, que transformam o globo ocular na testemunha mais plausível, apesar de menos sensível. Afinal, tais dotes pertencem ao coração – esse dissimulado parasita que diz que quer, que não quer, que quer, que não quer, e assim vai, atrapalhando a vida de seu portador.
Ao despertar de tal impetuosidade, vejo seus olhos atentos a mim. Não pareciam ter aberto de susto, não pareciam sequer terem sido abertos naquele mesmo momento que os meus.
– Teve um pesadelo?
– Tive...
– Nada vai acontecer com você. Está comigo. Não irei deixar que nada aconteça a você.
Sorrimos.
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Juliana Aguiar.
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